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sábado, 31 de janeiro de 2015

Tippo Brasil: da multiculturalidade ao estilo brasileiro.

Apesar de ser muito jovem do ponto de vista histórico, o Brasil é um  país com caracteristicas continentais, ou seja, é muito grande e diverso. Viajar pelas cinco regiões espalhadas por mais de oito mil quilômetros de extensas áreas geográficas com os mais diversos tipos de ecossistemas naturais e recheados de histórias que podem atravessar séculos de sua existência; sem falar da forte presença multietnica trazida de toda parte do planeta é, sem dúvida o maior legado que se leva para toda uma vida.
Nessa perspetiva,  Tippo Brasil é criado para valorizar todo e qualquer trabalho no mundo da moda que estimula a produção em busca uma "identidade cultural" brasileira. Nessa linha, já temos algumas contribuições bem interessantes acontecendo pelo Brasil e até em nível internacional, que aponta o país ex-consumidor de moda para um forte candidato a "Brazil Fashion". A São Paulo Fashion Week, Rio Fashion Week, entre outros eventos de moda internacional mostra que não somos mais os meros copistas e produtores de tecidos. Mas, anda sim, penso que temos que aprender muito sobre o nosso próprio estilo, o Tippo Brasil; temos que continuar a investir muito nas inovações já que o "novo" no mundo da moda ainda é um grande diferenciador e, sobretudo, investir na produção que agrega valores sobre a multiculturalidade brasileira, ou seja, na nossa identidade cultural.


Segundo Andrea Meneghetti Zatta, "O estilo é a maneira particular de se expressar uma arte, uma identidade, uma moda. A moda brasileira por muito tempo foi considerada apenas uma cópia das coleções dos grandes centros de moda – Paris, Milão, Londres, Nova Iorque, sendo constantemente desvalorizada por essa característica. A impressão era de que o brasileiro não tinha uma identidade própria ou cultura de valor. Sabe-se que ainda há uma necessidade de busca e identificação de um estilo brasileiro, através de elementos de adequação que funcionam muitas vezes como “herança cultural e DNA” (PALOMINO, 2002, apud ALMEIDA, 2003) e que desencadeia aos poucos, “os recursos para deixar apenas de copiar as revistas estrangeiras ou simplesmente traduzi-las” (CASTILHO, 2001, apud ALMEIDA, 2003)." (Fonte: http://coloquiomoda.com.br/anais/anais/7-Coloquio-de-Moda_2011/GT14/Comunicacao-Oral/CO_89699A_compretitividade_nas_insdustrias_de_moda.pdf)



Penso que passou da hora de deixarmos de investir esforços no regionalismo de forma segmentada e sim, explorar a diversidade e a multiculturalidade brasileira como forma de resgatar a identidade cultural brasileira.

Segundo a consultora de moda Glória Kalil, o que existe no país é regionalismo, trajes típicos como o da baiana e de gaúcho, uma moda adaptada ao Brasil, com características adaptadas ao clima e ao gosto particular do brasileiro.

No início do século 21, o panorama mudou um pouco. Para começar, houve a projeção internacional das top models brasileiras, como Gisele Bündchen, Caroline Ribeiro e Fernanda Tavares. Ao mesmo tempo, especialistas do mundo da moda da Europa e Estados Unidos descobriram que havia no Brasil uma inovadora produção de moda com qualidade e profissionalismo.

Essa projeção inicial da moda brasileira contemporânea no cenário internacional foi fruto também de uma série de ações de incentivo ao surgimento de novos estilistas no país. Em São Paulo, que tornou-se o principal pólo produtor e irradiador de uma moda contemporânea brasileira, eventos periódicos para mostrar as coleções das principais marcas e estilistas desde os anos 90 e o surgimento de cursos superiores de moda e estilismo contribuíram para essa mudança no cenário.

Apesar dos avanços, ainda há muito a ser conquistado pela moda brasileira. Segundo Francine Pairon, diretora do Instituto Francês da Moda, falta mais cores e alguma coisa mais audaciosa e menos global na moda brasileira. Para ela, os estilistas brasileiros deveriam primeiro imprimir uma personalidade mais brasileira e depois pensar em como conquistar o mercado internacional.

Criatividade importada

Coleção da Designer de Moda Ana Cristina Lima mergulha no universo africano





A exemplo do que foi falado anteriormente, a Designer de Moda Ana Cristina Lima, em seu trabalho de Trabalho de Conclusão de Curso, inspirou-se na etnia africana e toda sua beleza em cores e estamparias para criar sua coleção. Não tenho nenhuma crítica a fazer em relação ao seu trabalho que, alias, ficou muito lindo e tem tudo a ver com o que estamos propondo (buscar inovações com criatividade, identidade e autenticidade). Porém, essa busca seria muito mais significativa para a moda brasileira se fosse realizada a partir do que temos em nossa rica multiculturalidade, como o fez a Farme em Manaus, com a coleção "Farm na Aldeia.

Temos também, grandes marcas nacionais com grifes consagradas no mundo da moda internacional como a Ellus, por exemplo, que traz em sua nova coleção 2015, as mesmas caracteristicas das grifes de países como USA, França, entre outros, no seu estilo polo ou usual. Pelo tempo em que ela já está nesse mercado, não acham que já deveriam ter coleções no estilo e com mais identidade do seu país?