Entrevista com Lila Colzani, estilista que criou a Colcci.
Como foi o começo da sua carreira e a da Colcci?
Eu fazia faculdade de design no Paraná, mas tranquei matrícula e voltei para Brusque. Tive que trabalhar com meu pai em troca de um salário mínimo. Com esse dinheirinho, comprava tecidos e minha tia costurava para mim. Foi assim que a Colcci começou. E teve a história de que eu ganhei na loteria, você sabe dessa história?
Mentira!
Pois é, a minha mãe pediu para eu e minha irmã escolhermos uns números, acho que ganhamos uma quadra. Dividimos esse dinheiro em três e foi com ele que comprei uma máquina de costura usada!
Em 2000, você vendeu a marca para o grupo AMC. Como foi cuidar da criação e deixar de lado a administração?
Fiquei lá dentro, sim, mas foi um acordo verbal. Fiquei porque gostava. A única exigência do contrato era que não poderia criar outra marca pelo período de cinco anos. Quanto ao cotidiano, tive que me reposicionar dentro da empresa. Era um exercício feito aos poucos – eu podia não concordar com certas decisões da gestão mas não podia opinar nessas áreas. Por outro lado, só precisava me preocupar com a parte de criação, o que é um sonho para qualquer estilista. Eles investiram bastante, viajei muito, ia duas vezes por ano para o Japão com a equipe. Estava tudo muito bom, só saí por motivos pessoais. Muitas coisas aconteceram na minha vida naquela época, como uma separação.
Como você encara esse momento de aquisições na moda, com toda a experiência que tem?
Acho superpositivo, mostra o quanto o Brasil está amadurecendo na área. Isso injeta dinheiro, profissionaliza, traz recursos. O Grupo AMC, por exemplo, é sólido, eles são seriíssimos. Pensa bem: com esse dinheiro todo eles poderiam aplicar e viver só de juros. Tem tanta gente que diz que com esse dinheiro não trabalharia nunca...
Quais são as diferenças entre a Colcci e a Stereo?
Acho que a Colcci tem um viés mais comercial. A Stereo é para um público com informação de moda – mas também não é só para poucos.
Dá um exemplo do que a Colcci tinha e a Stereo não tem.
Tem fórmulas da Colcci que eu sabia que funcionavam. Por exemplo, uma blusinha com bojinho e cinturinha. Na Stereo, só faço peças em que realmente acredito, ou que gostaria de usar, ou gostaria de ver os outros usando. Tem muito volume, mas não tem muito decote.
Já existem planos de abertura de loja da Stereo?
Para o ano que vem. Não sei ainda se será uma loja de rua ou de shopping – a de rua é melhor para formar uma imagem de marca, mas a de shopping, sem dúvida, é melhor para vendas.
Pretende desfilar?
Sim, sinto muito falta. Queria tentar já para esse verão, nas não consigo desfilar agora, estou estruturando tudo ainda. E não sei se começaremos fora do SPFW, com um desfile off-calendário, ou se já partimos para dentro de um evento grande.
Você não usou seu nome próprio nessa nova marca. Você pretende vender a Stereo?
[Risos] Existe sempre essa possibilidade, todo mundo tem seu preço, mas não pensei nisso.
Se você tivesse o dinheiro da Colcci para colocar qualquer modelo como estrela da Stereo, quem escolheria?
Ai, não me faz essa pergunta! [Ri e pensa durante um tempo] Esse meu momento, o que estou fazendo, é um recomeço. Eu poderia pegar modelos famosas com o dinheiro do grupo P&S – a Act, por exemplo, tem a Gianne Albertoni na campanha – mas o que combina com o momento de agora é pegar uma new face e dar força. Então eu escolheria a Alice Langeani, que é a modelo da campanha atual da Stereo, da Way Models.
De qualquer modelo do mundo?!
[Risos] É! É legal ter modelo conhecida, mas nesse momento eu estou mais assim... Acho que sou uma romântica! [Risos]
É verdade que você já fingiu ser a Gisele para despistar fotógrafos?
Verdade! Saí de óculos escuros e celular correndo para o carro dela e todos os fotógrafos foram atrás. Liguei para minha mãe: “Mãe, você não sabe onde eu tô!” [Risos]. Depois de um tempo, abaixei o vidro e mostrei que era eu. Gisele saiu mais tarde do hotel, em outro carro.
Fonte: http://grifesdesucesso.blogspot.com.br/2011/10/historia-de-sucesso-lila-colzani-ex.html
Um pouco de História da Colcci
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Figura 1 – A primeira marca da Colcci, ainda um
logotipo. Imagem fornecida pela empresa. |
Nesse sentido nasce, em 1986, a Colcci, uma malharia que concentrava sua produção
em peças básicas – moletons, camisetas e alguns shortinhos – e almejava, em um primeiro momento, uma marca que representasse apenas a ideia de uma empresa que oferecia peças Seu primeiro logotipo foi apresentado dentro de um molde de negócio inicial, estampava as etiquetas dos produtos e a fachada do empreendimento. Objetivava informar e nomear o produto e o estabelecimento. Uma intenção que remete ao exposto por Costa (2008) no sentido de que a marca, em princípio, tem a função de marcar, traçar, indicar algo. O autor ainda considera que, a partir do momento em que o usuário entra em contato com o produto, experimenta e atesta suas características (funcionais, qualitativas e simbólicas), o logotipo passa a ter um significado.
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Digby em sua primeira versão. |
À primeira vista, a Colcci não possuía um código conhecido por todos, era apenas um sinal indicativo de objeto de vestuário; porém, dentro das proposições de Costa (2008), em um segundo estágio, torna-se um símbolo designativo de relação custo/benefício.
Nesse ponto, além da qualidade das peças, um personagem da marca, Digby, um cachorrinho estilizado, fazia sucesso entre os consumidores que passavam pela cidade de Brusque (SC) atrás de peças de roupas básicas, com qualidade e bom preço. O personagem
era estampado em quase todos os produtos e aparecia junto ao nome a marca. Logo Digby foi adotado como mascotei da empresa. Segundo alguns especialistas, Digby nasceu como um mascoteiiii que pretendia, em um primeiro momento, trazer sentimentos de felicidade, proximidade e afetuosidade aos consumidores que procuravam a marca. A procura dos consumidores pelo cachorrinho Digby levou os proprietários da empresa, Lila e Jorge Colzani, a vislumbrar que o sentimento agregado à sua figura poderia chamar mais atenção sobre o logotipo inicial. Foi nesse momento que o lettering Colcci passou a se apresentar de uma forma diferente, porém, ainda não de maneira oficial. Essa nova marca aparecia ora em sua primeira versão (apenas como logotipo), ora com Digby.
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Segunda marca com Digby agregado ao logotipo. |
Ao perceber que, cada vez mais, os consumidores simpatizavam pela figura de Digby, os fundadores da marca decidem investir na sua imagem e redesenhá-lo. Ele abandona seus traços livres de rascunho e ganha uma imagem aproximada da personificação de um cachorrinho.
A partir do crescimento com o modelo inicial de franquia, até 1994 foram 50 franquias, chegando, em 1997 a 200 estabelecimentos em todo o país. “Em 1993, 1994, a Colcci já estava em uma fábrica maior, com muitos funcionários (de 250 a 300), isso entre administradores, financeiro, vendas, estilistas, designers, costureiros, empacotadores, produção...” (MELO, 2009, registro gravado).
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Segunda fábrica da Colcci: construída para abrigar sua expansão, com espaço para todos os departamentos e setores de produção.
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No detalhe à direita, setor de estamparia, em processo serigráfico. |
Nesse mesmo período, a Colcci começou a diversificar as peças que oferecia: vestidos leves, blusinhas, calças jeans, bermudas, jaquetas, jardineiras, bonés, meias, carteiras, bolsas para viagem, nécessaires, toalhas, agendas, materiais de cunho promocional, como chaveiros, canetas, lápis e adesivos; foram agregados ao mix de produtos que a marca oferecia. Perez (2004), Strunck (2003) e Wheeler (2008) lembram que, apesar de as ideias que transmitem a personificação de um personagem se mostrarem atemporais e universais, raramente elas conseguem se manter atualizadas; precisam ser redesenhadas e adaptadas à cultura da época. Foi pensando assim que a Colcci aprimorou sua marca, para se atualizar. Na sua quinta versão, Digby volta a ser bidimensionalizado e vetorizado, o que ajuda na aplicação da marca em materiais gráficos. Com um visual descolado e jovem, o personagem continua a ser bem explorado em materiais de merchandising e estampas dos produtos, aparecendo em diversas aventuras que fazem parte do cotidiano dos seus consumidores.
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A quinta marca da Colcci
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O logotipo, por sua vez, é mantido dentro dos contextos originais. Em decorrência de tantas modificações no personagem, algo precisava ser mantido para que houvesse um reconhecimento por parte dos consumidores, uma garantia dos valores intrínsecos ao seu consumo simbólico (MIRANDA, 2008). E é pensando na construção simbólica que a Colcci se apresenta com um novo projeto.
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A sexta marca da Colcci |
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A sétima marca da Colcci |
Entre o final de 1999 e início de 2000, a Colcci apresenta sua oitava marca oficial, uma assinatura visual, composta de símbolo e logotipo, que a segue até os dias atuais.
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A oitava, e última, marca da Colcci. |
A nova marca da Colcci rompe com todas as propostas anteriores, configurando a consagração de seu novo trabalho. No que se refere às cores, a empresa desenvolveu uma tonalidade própria para seu símbolo, derivada da cor laranja. A tipografia segue um design exclusivo, fugindo da concepção original, manuscrita.
O símbolo é uma solução de design, resultado visual do espectro sonoro que forma a palavra Colcci quando pronunciada. Nesse sentido, lê-se verbal e visualmente o nome da empresa. Uma disposição que, no futuro, pode permitir à marca assinar apenas com o símbolo ou com o logotipo, alternativa que proporciona maleabilidade na comunicação dos significados adotados.
Essa história que eu estou postando com muito carinho e respeito por você, leitor do meu blog, tem como fonte fidedigna o site http://sitios.anhembi.br/damt6/arquivos/46.pdf
Espero que tenha gostado e que curta muito; compartilhe com o máximo de amigos que você puder pois, é assim que eu consigo recursos para meus projetos.
Um grande abraço.
Adriano Muniz.
Resumo Histórico
Data de nascimento da grife: 1986
Nome da estilista atual: Jessica Lengyel
História da grife: Criada por Lila Colzani com dinheiro ganho na Loteria, a Colcci foi adquirida, em 2000, pelo grupo AMC Têxtil, que hoje é dona também das marcas Forum, Tufi Duek e Triton. É uma das maiores marcas de moda jovem do País. Lila deixou a marca em outubro de 2006 quando então a atual estilista, Jessica Lengyel, assumiu o estilo.
Primeiro desfile no evento: Junho de 2008
Quantas vezes desfilou no evento: Todas desde então
Fatos marcantes: A Colcci iniciou sua participação em semanas de moda no Fashion Rio e firmou-se pelos desfiles com celebridades internacionais, começando com Paris Hilton, em janeiro de 2004, e Liz Jagger, em junho do mesmo ano. Desde janeiro de 2005, a modelo Gisele Bündchen é a estrela dos desfiles e também das campanhas da grife. Nesta temporada, porém, Gisele não fará parte do desfile da marca pois acabou de dar à luz ao seu primeiro filho. Desde junho de 2008, a Colcci integra o line-up da São Paulo Fashion Week.
Resumo das duas últimas temporadas:
Verão 2010: A grife investiu em um verão sexy para elas e também para eles. A grife propôs para as mulheres shorts bem curtos e para os homens, camisetas leves de tecidos quase transparentes. Além de Gisele Bündchen e Rodrigo Hilbert, outra sensação na passarela foi o modelo Jesus Luz com o peitoral bem evidenciado por uma blusa branca em decote V.
Hobby: "Qualquer minuto disponível que eu não esteja trabalhando, curto meu marido e minhas filhas"
O que faz nas horas vagas: "Curto meu hobby"
Minhas manias: "Tenho horror de voar. Avião só para o exterior. Faço tudo de carro."
Meu prato: "Comida da mamãe, qualquer uma."
Meu filme: " O Tio , de Jacques Tati."
Minha música: "Adoro trilhas de filmes."
Meu ídolo: "Não tenho."
Momento marcante na vida: "Morar e estudar em Londres."
Momento marcante na carreira: "Quando virei diretora de criação de uma marca grande e passei a me responsabilizar pela coleção toda aos 24 anos."
Inverno 2009: Gisele Bündchen abriu o desfile com calça branca de cintura alta. O branco imperou nas apresentações. A coleção também teve um toque de militarismo evidenciado nos botões das minijaquetas e boleros femininos.
Ficha da estilista Jessica Lengyel: